quinta-feira, 9 de março de 2006

O que é pós-moderno e o que não é

"Passeando pelo site http://www.baciadasalmas.com/, encotrei esse genial artigo sobre as três épocas, achei genial e tomei a liberdade de colocar neste humilde blog, que ensaia seus primeiros passos, ao autor do texto expresso toda minha admiração"
História, Pense comigo
Eu posso estar redondamente enganado
eu posso estar correndo pro lado errado
Mas a dúvida é o preço da pureza
E é inútil ter certeza.
Infinita Highway – Engenheiros do Hawai
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Quem fala em pós-modernidade está dividindo a história da civilização, muito grosseiramente, em três grandes períodos: a era pré-moderna, a era moderna e a era dos nossos dias – esta que, na falta de um nome melhor, convencionou-se chamar de “pós”.

A primeira era, a pré-modernidade, começou com o primeiro homem e estendeu-se a até algum momento do século XVIII. Durante todo esse período o ser humano manteve-se, basicamente, um bicho místico. A vida estava além do controle do homem e só podia ser explicada em termos sobrenaturais. Em geral não ocorreria a ninguém duvidar da realidade do mundo dos espíritos ou de coisa que o valha (digamos, o imaterial mundo das idéias de Platão), e todas as soluções aos problemas do ser humano dependiam da boa vontade de Deus ou deuses.

A principal característica da era moderna é a sua suprema confiança na mente humana.
Perto de 1700 a modernidade fincou pé. A Renascença deu a primeira, o Iluminismo a segunda e definitiva estocada que tiraram Deus e o sobrenatural do centro das atenções e colocaram ali o homem e os esforços humanos – particularmente a razão. A principal característica da era moderna é a sua suprema confiança na mente humana. Gente como Descartes gravou a ferro e fogo na mentalidade ocidental a noção de que a razão é o único caminho para o conhecimento, e toda a era moderna partiu do pressuposto de que a razão e a ciência (aplicadas em todas as áreas: saúde, política, urbanismo, ética) trariam as soluções necessárias para os problemas da humanidade. O slogan da bandeira brasileira, “Ordem e Progresso”, é tipicamente moderno em seu otimismo na iniciativa humana fundamentada no triunfo da sensatez e da razão.

Foi ao redor de 1960 que a maré começou a mudar. Coisas como a crise de energia, a teoria da relatividade, a guerra do Vietnã, a bomba de Hiroshima e os abusos do consumismo contribuíram para que as pessoas passassem gradualmente a concluir que a razão humana talvez não trouxesse, como prometera, respostas para os anseios mais profundos do mundo e do homem. Trezentos anos da supremacia da razão não haviam trazido nenhuma solução unânime para os problemas da guerra, da fome, da injustiça, do vazio existencial. A razão, concluíram esses, fracassara, e diferentes grupos independentes começaram a tatear em todas as direções em busca de alternativas. As revoluções sexual, mística e química trazidas à luz pelos hippies dos anos 60 foram os primeiros movimentos que pressupunham essa desconfiança pós-moderna para com as soluções otimistas e pré-fabricadas da era anterior.

A pós-modernidade que se levantou das cinzas da modernidade é tremendamente difícil de definir – entre outras coisas, porque definição é conceito tipicamente moderno e pertence a uma era anterior. Pode-se dizer com segurança que o homem pós-moderno é ao mesmo tempo cético, espiritual e tolerante. Ele duvida da eficácia da razão, do pensamento linear, da lógica convencional, da explicação racional. Ele está portanto aberto a todas as formas de misticismo e religiosidade, mas não apostará na validade definitiva de nenhuma, porque crê que todas contém a sua parcela de “verdade” e nenhuma pode ter a pretensão de se posicionar como verdade definitiva – possibilidade que arruinaria a validade e a beleza das outras alternativas.

O homem pós-moderno duvida da eficácia da razão, do pensamento linear, da lógica convencional, da explicação racional.
A indomável mentalidade desta era pode ser mais facilmente compreendida se considerarmos a forma de arte mais tipicamente pós-moderna: o videoclipe. Os primeiros vídeos de música eram “modernos” no seu caráter linear – contavam “historinhas” com começo, meio e fim. Mas logo os produtores de videoclipes adotaram uma linguagem mais radical, menos linear e mais fragmentária. Um videoclipe é um amontoado de imagens que não necessariamente contam uma história ou têm qualquer relação entre si; não têm uma “explicação”. Seu sistema é a ausência de um sistema. A idéia é passar uma impressão, e não deixar alguma coisa absolutamente clara.

Moderno é filme.
Videoclipe é pós-moderno.

Moderno é classificar, ordenar, definir, categorizar.
Pós-moderno é pulverizar, remixar, sugerir, evocar.

Moderno é concentrar a atenção e definir limites.
Pós-moderno é ampliar a visão e libertar-se de todos os confinamentos.

Moderno é a agente Scully.
Pós-moderno é o agente Mulder.

Moderno é racional, linear, científico, definitivo, argumentativo.
Pós-moderno é emocional, fractal, espiritual, relativo, evocativo.

Moderno é o Spock, do seriado Jornada nas Estrelas.
Pós-moderno é o Data, do seriado Jornada nas Estrelas – A Nova Geração.

Moderno aposta com esperança na razão.
Pós-moderno espera no que a razão não explica.

Moderno é o Super-Homem.
Pós-moderna é a morte do Super-Homem.

Moderno é debate político.
Pós-moderno é o inclassificável festival Burning Man.

Moderno tem ordem.
Pós-moderno é não necessariamente nesta ordem.

Moderno é sala de aula.
Pós-moderna é a internet.

Fonte: http://www.baciadasalmas.com/

1 comentários:

Gustavo Nagel disse...

Fala, Alexsandro!! Valeu pela visita lá no blog.

Abraços.

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